domingo, 24 de abril de 2016





                           BELA, RECATADA E DO LAR

 


         Era uma vez uma menina feliz e responsável, acostumada a trabalhar desde muito jovem como modelo, e certamente não imaginava ser um dia considerada uma mulher “bela, recatada e do lar”. Três graças que cabem bem em Marcela Temer, não resta dúvida, o que foi dito pela revista Veja numa semana que vai ficar para sempre na memória de todos os que vivem esse tempo estranho no Brasil, para dizer o mínimo. Houve a aprovação na Câmara do impeachment da presidente Dilma Rousseff, outra mulher que, ao contrário, se tornou alvo de reprimendas, até insultos, quando se sabe de sua juventude comunista, quando pegou em armas, e o que é pior, não saiu bem no seu governo pseudodemocrático.

      Em contraponto às votações dos deputados, que chocaram o grotesco das cenas por eles perpetradas, houve os elogios à esposa do vice-presidente da República, Michel Temer, e ela vir a ser a primeira-dama do país. Apesar da diferença de idade. Mas o que a revista também fez foi ferir os brios das feministas, até mesmo de todas as mulheres brasileiras. Solteiras ou casadas, raras são aquelas que ainda usam o retrógrado título “do lar” em seus documentos, por não ter profissão, o que acontecia tempos atrás. Como todos sabem, esposa e mãe não é profissão. A responsabilidade que as mulheres sempre tiveram com a família, o núcleo familiar centrado na pessoa da esposa e mãe. Só há bem pouco tempo elas adquiriram o direito de atuar de maneira mais efetiva fora de casa, com todo o respeito que lhe é devido.

      Não só as mulheres careciam de mudança, também o mundo. Lógico que as coisas não são fáceis, ilusão pensar diferente, o tempo ficou carregado para aquelas que trabalham fora, e ainda cuidam do lar, com marido e filhos. Certo que as mulheres não são iguais ao homens. Mas é por conta do trabalho feminino que os lares hoje são menos pobres, conquanto o pessimismo atinja em cheio a sociedade. O mundo avançou, nem sempre de forma equilibrada,  as pessoas mais infelizes e vulneráveis. Não que se deva voltar atrás. Daí os protestos nas redes sociais contra o tratamento machista dado a uma mulher, no caso, Marcela Temer, que atua à sombra do marido por escolha própria, o que ela também tem todo o direito. Podia até estar na cozinha, mas  é secretária do marido, por que não?

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