domingo, 10 de abril de 2016






     AMORIS LAETITIA

 
A data, 19 de março, dia de S. José, foi escolhida pelo Papa Francisco para lançar Amoris Laetitia (A alegria do Amor). Trata-se de Exortação apostólica,  pós-sinodal - os bispos reunidos para discutir sobre a família, o que ocorreu entre 2014 e 2015 em Roma, cujo resultado não vai ser uma revolução na igreja, mas a confirmação da sua doutrina. No texto papal estão exortações, ou diretrizes para igreja, providências a serem tomadas pelos sacerdotes, diante dos desafios do mundo contemporâneo.  Feliz em sua vocação, o papa não quer saber de exclusão por preconceito dentro da igreja que comanda. Questão central da fé católica é o amor, sabendo-se que o sexo é força propulsora da vida, e o que disso resulta. Há   distinção  entre amor e sexo. Como o amor, o sexo deve ser levados a sério, pelo poder que têm de elevar ou degradar a pessoa e a sociedade. E é no sentido de orientar, de educar os fiéis, que o papa escreveu os nove capítulos e mais de trezentos parágrafos da sua Exortação. Exorta a igreja e os fiéis a não quererem tudo mudar sem a devida reflexão.  Que os católicos tenham consciência do significado do amor, um dom da alma, o que não significa o prazer pelo prazer, que pode ferir a pessoa em particular, e periga deteriorar a sociedade. A família não é ideal abstrato, mas “tarefa artesanal”. A relação de amor não pode se transformar em domínio, que tolhe as aspirações pessoais. O matrimônio como um caminho dinâmico de crescimento e realizações. A vocação da família é a fecundidade do amor, que se revela na atenção aos menores, para não serem vítimas da pornografia e de abuso, no cuidado aos deficientes, no respeito aos idosos.  Acompanhar, discernir e integrar a fragilidade. Evitar o juízo que não tenha em conta a complexidade das diversas situações, pois ”toda vida da família é um pastoreio misericordioso.” Leitura obrigatória  para os católicos.

          Já diziam as freiras do meu colégio Santa Tereza: “Um santo triste é um triste Santo”.     Surpreende, mas tem sentido, o papa a certa altura de sua Exortação citar o filme “A Festa de Babetti”. É a história de uma francesa que chega a um pequeno vilarejo na Dinamarca, para o emprego de doméstica. A família dinamarquesa recebe Babetti em sua casa,  constituída do pai, pastor protestante, com suas duas filhas. O ambiente austero, de abstinência, quase total, sufoca as ambições das mulheres, que deixam para trás a realização pessoal; uma delas com talento para a arte do canto, e a outra quase aceita casar com um oficial, o que também não acontece. Ambas vocacionadas para estar ao lado do pai e seguir um amor incondicional e uma fé repressora. A certa altura Babetti recebe a notícia de ter ganha na loteria de Paris uma considerável soma. Resolve retribuir a hospitalidade, promovendo um banquete com tudo que a culinária francesa tem de especial. O pastor, suas filhas e os demais membros da igreja vão experimentar momentos de prazer à mesa, o que revela o ser civilizado que é Babetti, na gratuidade do amor, seu amor e gratidão para com as pessoas do seu convívio. Lembra o Natal! A alegria que deve existir na fé, que é o altar do amor. Mas foi a mesma Paris de Babetti que os terroristas atacaram no dia 22 de março.  Fanáticos suicidas mataram mais de cem pessoas numa casa de shows parisiense de nome Bataclan. O preconceito mulçumano contra a liberdade, que sabemos tem suas alegria se seus perigos. Tudo tem um limite, tanto que a França acaba de decretar multa pesada contra quem pagar prostitutas. Se não há dinheiro, as mulheres vão procurar serviço melhor, trabalho digno. Certo?
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Recente publicação, O Amor 2.0, de Barbara I. Fredrickson, PHD. “A ciência a favor dos relacionamentos” – subtítulo do livro. Versa sobre o amor, mesmo assunto da Exortação do papa Francisco. A autora é psicóloga, e se ela ainda não conhece o chefe da igreja católica, todavia, goza da amizade do Dalai Lama, outro mestre espiritual, cujas palavras orientam muita gente para viver melhor, como mais amor, nesse mundo de tantos ódios em que se vive. A autora mantém o lado espiritual ao lado do prático. Para ela há um  potencial humano para o amor, que não é uma simples categoria de relacionamento, não se restringe ao desejo sexual, ou uma ligação qualquer, com expectativas que levam à insegurança, oprime pela por seus desajustes, pode envergonhar, sendo mais desejo do que realidade na vida das pessoas. O amor não é incondicional, abarca todas as emoções positivas, estados prazerosos - de alegria, prazer, gratidão, esperança e similares. Sob o poder do amor as perspectiva de realização pessoal se ampliam. Diferente de nossas crenças que são muito pessoais sobre o amor, e podem desvirtuam essa, que constitui “nossa emoção suprema”. Palavras da autora do livro apresentado aqui.  

   

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