quarta-feira, 15 de agosto de 2018





                            QUATRO GUIAS ADMIRÁVEIS
                                                                              
                                                                             
                                                                                              Primeira parte
              






    

               Desde meados do século XIX, o mundo em transformação contou com a autoridade  da Igreja Católica, pronta a atender as demandas espirituais da humanidade. O progresso avassalador surgia na esteira dos avanços científicos e tecnológicos, mas a maravilhosa e, ao mesmo tempo assustadora modernidade, parecia querer engolir tudo, era mister preservar a civilização e a doutrina da fé cristã. O que fazer para a civilização ocidental não perder suas características  cristãs, sua fé e sua moral? Foi no que estiveram empenhados quatro admiráveis papas: Leão XIII, Pio X, Bento XV e Pio XI.  Ao final do pontificado de Pio IX foi sentida a necessidade de mudanças na igreja, que iria acontecer a partir do seu substituto, Leão XIII, a quem é justo falar em gênio, tendo esse papa atuado de forma contundente e decisiva em um momento crucial para a Igreja Católica e o mundo.

                   Com sabedoria e profundidade espiritualidade requerida pela igreja, o político e diplomata Leão XIII fez o que pedia o momento, ou seja, que a igreja estivesse atenta às questões fora dos seus muros. A  importância para a Igreja retornar a ter participação nas decisões mundiais, a que estivera afastada, até que se fez necessária sua decisiva interferência. Pio IX praticamente fechara a igreja para o mundo, com a estrita intenção de seguir as virtudes evangélicas dos tempos apostólicos, da bondade, da caridade, da mansidão, sendo pouca a influência da  Igreja sobre as Nações e também sobre as massas, então constituída de operários em seus vários ramos de atividade, trabalhadores rurais, trabalhadores da indústria, universitários, e por aí vai. O progresso havia aberto espaço para a irreligião, que avançava sobre as mentes desavisadas,  a descrença querendo ter total domínio sobre os espíritos. Deus parecia estar morto, a espiritualidade definhando diante das obscuridades reinantes.




PIO X



                
        




               












                                                 1LEÃO XIII  e  PIO X
               
               A consciência religiosa, católica, estava para sumir de vez, se não fosse resgatada através da autoridade dos papas. A Igreja precisava ser fortalecida, o que requeria superar a estagnação, dar atenção aos acontecimentos mundiais. O poder espiritual que a Igreja exercia devia voltar-se para o mundo em transformação, passasse a avaliar o que acontecia e fossem traçadas providências de atuação. Eleito papa em 1878 Leão XIII entrou de cabeça na luta, com sua decisiva atuação na política, não no sentido vulgar do termo. Pai e pastor, mas também um homem condutor dos destinos do homem. Tinha esse papa os mesmos desígnios do seu antecessor, fazer triunfar a causa de Deus e da Igreja, só que sua atuação seria de forma diferente. 

                 O mundo moderno parecia querer afastar irreversivelmente as pessoas da Igreja, a sociedade atritada no ódio entre as classes sociais, a rangerem os dentes uma para as outras. A massa proletária, das fábricas e das oficinas, também das escolas e universidades encontravam-se  numa situação social, que requeria atenção, o que Leão XIII reconheceu, ainda como cardeal. Publicou a encíclica Rerum Novarum, em 1891, nela assumindo o comando dos “católicos sociais”, ordenando os principais temas. Colocava-se a igreja no âmago da construção de uma consciência social abrangente. A audácia de que se valeu Leão XIII para  denunciar o liberalismo econômico tal como era então praticado, sem justiça social, causando  ódio entre as classes. Era a primeira atitude contra as forças do ateísmo. Sua sorte e nossa sorte, como católicos, foi esse chefe da Igreja ter ainda vinte e cinco anos  para por em prática  seu programa, novo sob tantos aspectos. 

                 Leão XIII resolveu a relação da Igreja com o mundo moderno, não um Maquiavel,  oposto do oportunismo. A encíclica Immortale Dei, de 1885, para pacificar os espíritos e que a igreja caminhasse em paz, ao lado do poder secular. Rerum Novarum para a instauração de um mundo mais justo, mais fraterno, muito contribuiu para o prestígio e restaurar a influência, apresentando-se a Igreja de Cristo como árbitro entre as classes sociais. No exato termo, uma “grande política” de Leão XIII. Bismark logo recorreria ao papa quando da sua Primeira Conferência. O substituto de Leão XIII, Pio X, filho do povo, quando até então todos os chefes da igreja eram membros da nobreza e da alta burguesia ou mesmo do meio administrativo. Atuação diferente do seu antecessor, realizou seu apostolado de forma também extraordinária, o cerco que fez contra os adversários, atacando as heresias modernas. Só em 1958 outro filho do povo subiria ao trono mais prestigiado do mundo: Angelo Roncalle, o papa João XXIII. 

                   Pio X eleito em 1903, foi herói sem medo e sem mancha na luta para defender Deus, restaurador da fé e da pratica religiosa. Reacionário, o oposto de Leão XIII?  Em um combate apenas por Deus queria Pio X  ser um papa “não político”, acima de tudo religioso, um tanto ao modo de Pio IX, opondo-se ao catolicismo de esquerda, aos regimes democráticos, entenda-se, laico. Leão XIII, ao fim do seu pontificado, havia detectado o perigo, que Pio X acabou por discernir para que a Igreja não se tornasse simplesmente doutrina humanista. Pio X reformou o Código Canônico e foi canonizado por Pio XI. Anos depois também outro homem do povo, o papa  João XXIII, foi elevado a santo.

 BIBL;  História da Igreja  - A Igreja das Revoluções II, Daniel-Rops da Academia Francesa.

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