quinta-feira, 13 de junho de 2013


               



                              SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO


           
        



        Atenas é o centro da civilização, dos embates democráticos, local da paixão entre quatro personagens da vida atenienses. Demétrio disputa com Lisandro o amor de  Hérmia, ignorando o quanto ela ama Lisandro. Helena é quem ama Demétrio, mas sua clássica beleza não o seduz, e sim  os encantos de Hérmia, sem se dar conta do quanto esta ou aquela lhe faz bem ou mal. Na floresta, fora de Atenas, para onde os quatro se dirigem há o caos dos desencontros, também, dos encontros promissores. Em dado momento, Oberon, deus dos mares, ou do inconsciente, dá ao gênio da floresta, Puck, o encargo de agir para que os pares se acertem. A força da magia, ou ciência natural (na moderna psicologia a técnica do repouso no espírito) teria poder de ajudar naquele momento. Mas há um descompasso na forma de administrar a energia natural , feita por um gênio infantil, brincalhão, que vai comprometer o sucesso da empreitada. Na  tragédia grega  está expressa a tentativa de vivenciar a democracia e os mistérios, representado no drama shakespeariano por Hérmia e Demétrio. O ateniense quer os favores de Hérmia, que se lastima para Helena: “Se ele está louco não me cabe a culpa.” Poderes recém descobertos escapa por uma fresta, o que pode comprometer, entre ouras coisas,  a sanidade mental.  A humanidade que evolui e se deve firmar na vida civil e religiosa, com a razão sobrepondo-se à paixão, a mente livre do poderes arbitrários, conscientes e inconscientes.
               Na floresta, bufões ensaiam uma peça para noite das bodas de Teseu e Hipólita, trata-se da "Mui Lamentável Comédia e Crudelíssima Morte de Píramo e Tisbe". São artesões que encenam um texto interposto ao principal, dos personagens da nobreza ateniense, plano superior. A vivência do real e do sonho na representação é quando "se perde o medo, ou se desperta um medo muito perigoso" diz Trombudo, o funileiro, que faz o papel de Muro por onde Píramo e Tisbe conversam. "As madames não suportarão", diz o Fio, o tecelão, que vai representar Píramo. Flauta , o remendão, fará Tisbe. A civilização romana floresceu ás margens do rio Tigre, sendo o rei Príamo descendente de Enéas fundador de Roma. Fio quer fazer todos os papeis, por sua profissão, por seu comércio. O amor na peça dos bufões é levado na galhofa. Puck não está satisfeito com os atores aos quais observa e está pronto para interferir. Acha um absurdo que eles estejam em trapos, na mais dura necessidade, não só física, mas espiritual, mental. Na decadente Roma, o amor e sua rudeza evidencia-se em Ovídio (“Ars Amatoria”) e na Idade Média em Bocácio (“Decameron”). A concupiscência comum às sociedades em transição, ou da conquistas internas e externas, nas quais se valoriza, em especial, a coragem pessoal, a astúcia, a demagogia, enfim, o prazer pelo prazer, o novo pelo novo.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário