domingo, 16 de junho de 2013



       Compartilhando com Ildes Pimenta e Diva Pimenta
     Destinos Que se Atraem
     O Bosque de Berkana
     Carlos Mascarenhas Pires       
                       






                             














                        








            SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO IV
             deWilliam Shakeskeare 
         Excertos do livro "Breve Estudo" de Maria Vima Muniz Veras  
       




             Justifica-se Puck, o gênio da floresta e da confusão, ao rei das fadas e da ilusão, que foi ele, sim, o culpado de Titânia ter se apaixonado por um dos artífices que ensaiavam sua peça, o “mais boçal de todo o bando, o amante da história, transformado em burro”, uma pessoa que não sabe ser feliz.  Um mundo enlouquecido de um amor burro, por não respeitar os planos. Oberon o poder masculino vai castigar o poder feminino por seu egoísmo. Enquanto isso, os casais continuam trocados. As desenfreadas conquistas d`aquém e d`além e seus desencontros é a causa dessa tragédia. Tudo isso que faz parte do pan-helenismo. O domínio do irracional é feroz quando Demétrio repudia Helena e corre atrás de Hérmia, enquanto Lisandro enfeitiçado passa a amar Helena. As coisas ficam confusas na cabeça do civilizado Demétrio e do bárbaro Lisandro. O renascimento da antiguidade alexandrina ou helênica no século XV foi de modo extravagante, em que se confunde o profundamente ético e virtual (Hérmia) com o estético e prático (Helena). No Sonho, o ideal aristotélico se vê ás voltas com o sincretismo medieval, próprio do helenismo.
           Sempre folgazão, Puck tira a cabeça de burro de Fio, príncipe dos artesões, a nova classe, dos artífices e comerciantes, e diz: “Acorde como burro ao natural”. A filosofia aristotélica da natureza ainda não estava bem assimilada. O tecelão desperta antes da festa das bodas de Teseu e Hipólita, da civilização conquistada pela força e coragem. Ele vai encenar no palco junto com os companheiros a própria arte, a criação artística, tanto religiosa e suas imagens arquetípicas, como a historiografia literária e seus paradigmas. No mundo hegemônico, de Egeu, do encontro do Oriente com o Ocidente, do Novo e o Velho mundo, os casais Hérmia e Lisandro, Helena e Demétrio estão desencontrados, coisas que acontecem nos níveis em que a arte e a vida se manifesta, mas que se acertam, adquirem nova postura no contexto humanista, no plano material e espiritual, ético e estético. Até certo ponto eles estão aptos a seguir para Atenas, que está em qualquer lugar, ou tempo, onde a civilização se renova.  Mesmo não de todo civilizado, Oberon, símbolo do conquistador dos mares, ao lado de Titânia, as forças terrenas, ordena que se toquem os festejos. Teseu, o novo poder civilizador, lastima, entretanto, ter entrado a espada na conquista, e acha bom a comédia, ou drama, encenado pelos artesãos, por sua “simplicidade e desvelo”, merecem todo o respeito. Expressam o mundo moderno, a nova civilização da ciência e da técnica. Acontece que o casal de nubentes, assim como os demais nobres, interferem o tempo todo durante o desenrolar da apresentação bufônica. 

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