terça-feira, 21 de janeiro de 2014




                              DEMOCRACIA E TECNOLOGIA        

            



          As redes sociais provocam um frisson, principalmente no início, os egos que despertam com a possibilidade de tornar pública a imagem, a facilidade da comunicação, quase sem limites. A imensa quantidade de gente que se mantém diante do computador, postando e recebendo e-mail, curtindo as mensagens recebidas e enviadas pelo Facebook, Twitter, e afins. Parece que o céu se abriu e os internautas em gozo infinito, a partilhar ideias, trocar conhecimento, experiências. Há os que perdem noção das coisas, o humor, em raivosas postagens, que nos faz rir para não chorar. O salutar exercício democrático da cidadania nas redes, o que lhe seria negado fora. A futilidade inicial evoluiu para a abordagem de todas as questões, com ou sem conhecimento de causa, o que não importa, vale a boa, ou má, intenção. Mas como é feio é polarização das opiniões, que se radicalizam à medida que o tempo passa. O ser racional e seus excessos. Quanto mais melhor. E não adianta tentar, não há conversão do outro lado da tela. Não adianta gritaria, palavrão, nada vai convencer o oponente. Continuamos na mesma. O máximo são as redes arregimentar pessoas para protestos nas ruas, e quando acaba o movimento, todo mundo vai para casa e tudo continua na mesma. Alguns presos ou feridos, afinal é preciso manter a ordem, dizem as autoridades...
         Estar conectado o tempo todo, ter atividade uma atrás da outra é o que acontece na vida hoje em dia.  Quando paramos caímos em depressão, o mal do século XXI. A antropóloga Françoise Hèritier, na entrevista feita à revista Isto É desta semana, critica as pessoas que vivem o tempo todo diante da tela do computador, ou no trabalho estressante. Ela faz ver que o excesso de tecnologia tira de nós o que a vida tem de mais prazeroso. Esquecemos o fundamental que é a emancipação do espírito, o que só gera ansiedade, e faz sofrer o ser humano prisioneiro do mundo on-line, atado a tantas  coisas sem a menor importância, o que seria o progresso. Como disse a professora substituta de Lévi-Strauss no Collège de France, “querer curar o tédio, as frustrações, com auxílio das tecnologias modernas é um erro. Logo se fica saciado e a frustrado”. Nesta mesma semana, na entrevista da revista Veja, o presidente do Twitter, o americano Dick Costelo, disse que “quando eventos ocorrem em nossa vida off-line, há reflexos na on-line. Somos compelidos a escrever no Twitter e em outras redes sociais sobre o momento que nos fascinas, o caso da visita do papa, do sorteio dos grupos para a Copa...” Também através das redes são arregimentadas grande número de pessoas para os movimentos de protesto nas ruas, e os rolês nos shoppings. O otimismo do profissional da internet faz contraponto ao pessimismo da antropóloga. Ambos os entrevistados falam do futuro da internet e das redes sociais, da tecnologia, em suma.    

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