quinta-feira, 20 de março de 2014



                                   O AMADO CLEMENTINO


  



                                                                                       conto             


               Quais seriam os limites para as escolhas? Pode-se especular que há no nosso mundo moderno a tendência de algumas pessoas fugirem da realidade social e acadêmica, que seria por demais desgastante. Menos saber e mais viver a que se dispõem alguns, em estoicas e paradoxais intenções, para não se comprometerem muito com o mundo em volta. Pessoas que passam a se preocupar mais com a própria felicidade, inconscientemente, tramando contra ela. Todavia pode ser apenas prova de insegurança, ou deslavada covardia. Tempo estranho, em que vicejam incompetentes para serem realmente felizes. Quando ainda jovem Clementino tornou-se herdeiro de uma fortuna, quis viver perto da natureza, depois fechar-se em seu lar, para ser feliz ao seu modo
               Cheio de romantismo Clementino casou-se com uma mulher nada romântica, acostumada a fazer sucesso, principalmente com suas roupas e calçados de grife, agora com um troféu, o marido ao lado. Cinco filhos não foi pouco, criados na fartura de bens materiais e pouco afeto. O caminho que eles seguiram não podia ser outro, a rebeldia, para não caírem no desfrute puro e simples, com os pais na retaguarda, que ninguém é bobo de sair por ai de máscara na cara para reclamar contra Deus e todo mundo sem apoio holístico. A filha mais nova comediante, a vida artística com intenção de curar sua hereditariedade familiar. Dizia: “No palco curamos nossa esquizofrenia”. A arte, às vezes, esquizofrênica, era como falava o radiologista, dr. Filogônio no século passado. 
              Com o que se vê hoje, o mundo teria enlouquecido, e poucos escapam da sua bipolaridade?


                               

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