quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015





    OS TONS CINZAS DO RESSENTIMENTO
    Reflexão para quarta-feira de cinza
 





         Por incrível que pareça, mas é verdade, vivemos ressentidos, e geralmente temos motivo para isso.  Acontece, todavia, certas pessoas terem uma contabilidade afetiva feita de forma a creditar na conta dos outros suas expectativas. Multiplicam as cobranças, enquanto diminuem suas ofertas.  Pessoas há que possuem aquela eterne sensação de que perderam algo para alguém, sempre insatisfeitas. Almejam o suprassumo da felicidade, mesmo já tendo alcançado um patamar de satisfação para qualquer ser normal. Mas parece que na pós-modernidade não há satisfação possível, e que o inferno é o limite. E o sentimento que nos aflige é de pertencer a uma civilização prestes a desaparecer, em que a perseguição aos cristãos dá o tom mais escuro da catástrofe iminente.

         Existe ainda tanta coisa a fazer no nosso mundo superpovoado, carente, onde a fome e a ignorância são um flagelo em muitos rincões do planeta, de que toda a humanidade se ressente.  No que diz respeito ao crescimento demográfico a coisa se reverteu, não dependemos mais da sobrevivência da espécie, há excedente, a tal ponto que o papa Francisco aconselhar os próprios católicos a reduzirem o número de filhos a limites razoáveis. Entendamos melhor as palavras do chefe da igreja católica, quando ele alerta que o homem não tenha como missão apenas fecundar a mulher e trabalhar para sustentar a prole. Nem a mulher deve viver em função da fecundação. Serem os cristãos especialmente fecundos nos bens ofertados ao mundo, que vão além da procriação.

          Que homens e mulheres se disponham a doar seu tempo ao próximo, por exemplo, cuidar dos que mais necessitam de atenção, de amparo. E nada melhor que a infância e a velhice amparadas, e nenhuma civilização pode ser digna desse nome enquanto houver velhos e crianças abandonadas. Tem que haver compromisso de quem recebe toda sorte de benefícios. Os pais, e quem mais for, não se obriguem a satisfazer os capricho de uma geração, parte dela, acostumada a ter o que quer nas mãos.  Estejamos todos compromissados, sim, com o bem, para transmitir esse sentimento aos filhos, pois do bem cultivado vai depender o equilíbrio pessoal, também do mundo. A pessoa humana não é esse ser ressentido, ou sádico, que prenuncia o fim dos tempos, visto em escândalos na mídia, ou no livro best-seller “Cinquenta Tons de Cinza”, com um filme baseado na obra,  figuras midiáticas que não nos representam.


   

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