sexta-feira, 19 de junho de 2015






              CIÊNCIA E RELIGIÃO

 





             Richard Dawkins é o autor de dois best-sellers, O Gene Egoísta (1976) e Deus, um Delírio (2006), nos quais o biólogo expõe suas ideias, seu ateísmo. Por sinal o ateu mais famoso da atualidade, seguido por uma moçada empolgados com a ciência e com um mundo onde tudo seria possível. Já dizia o escritor Fiedor Dostoievski, “se Deus não existe tudo é possível“. A frase que alguns interpretam como se fosse dita por um ateu. Falso, pois autor de Crime e Castigo era um homem de fé ortodoxa, e quem pensa ao contrário não leu o russo, ou não entendeu o que leu. E não podemos falar em Dostoievski sem lembrar Leon Tolstoi, outro russo famoso por sua inteligência e religiosidade, autor de Ressurreição, que acredito ser uma heterodoxa resposta ao seu compatriota. 

               Dawkins é seguidor do darwinismo, e chegou à ideia de um gene egoísta responsável pela evolução, assim como existe um gene altruísta propiciador da evolução cultural, que o biólogo apelidou de “memes”. A evolução seria progressiva, conquanto o paleontólogo Stephen Jay Gould acredita em um processo contingencial. Ambos estariam certos, seria a evolução progressiva e ao mesmo tempo contingencial, defende o próprio Dawkins, afirmando ainda que os seres vivos tomam lugar um dos outros. Se os morcegos veem mesmo dos antigos dinossauros, a transformação e não a extinção teria acontecido por contingências físicas sofridas pelo planeta terra, devido à escassez de vegetação para seu sustento.

             Evoluímos de animal a seres com inteligência e consciência, e a evolução seria uma constante na vida terrestre. Sendo assim iríamos sofrer transformações importantes daqui para frente, com a tecnologia? Ficção científica, responde Dawkins, conquanto ele ache que há possibilidade que aconteça. Alguém também muito capacitado já disse que tudo que o homem cria na imaginação é possível na vida real. Nada menos que Platão. Certo que a religião, a filosofia e a ciência fazem parte da evolução cultural da humanidade, o homem que toma consciência da sua condição no mundo, um ser possuidor de corpo e da alma que evolui desde o nascimento. E o que vale para o corpo, de algum modo, vale para a alma, e vice versa.

         A ciência trata do corpo, isso há pouco tempo, conquanto a religião trata da alma desde priscas eras. Ciência e religião que têm mais a ver uma com a outra do que se imagina. A psicologia, por exemplo está a serviço dos afetos desse ser egoístas por natureza que é o homem. Já o altruísmo, próprio da religião, da cultura, vai mais além. Temos que acreditar em algo que ultrapasse nossa condição de seres que sentem necessidade básicas, com desejo de satisfação emocional e física. A educação religiosa todavia nos incita a sentir e agir em busca da transcendência, de uma consciência superior, que vai além da fé em si mesmo. A fé que nos leva à consciência coletiva, universal,  até chegar à consciência de um Deus uno. Com a ideia de Deus, ou do Bem supremo, adquirimos a consciência moral das nossas responsabilidades, das nossas limitações. A doutrinação moral e religiosa que o ateísmo, na sua prepotência, contesta.  

 

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