sábado, 4 de novembro de 2017





                            “SE CONHECE PELOS FRUTOS”
 


           
          Adão e Eva eram recém-chegados ao paraíso terrestre, com Deus ao lado do casal atendendo suas necessidades, só com uma ressalva que não provassem do fruto da árvore do bem e do mal, e ela estava no centro daquele pomar de delícias. Racionais pela evolução nossos primeiros pais tinham adquirido o direito de fazer suas escolhas. Enroscada naquela árvore estava a serpente que passou a seduzir a mulher, e ela levasse o homem à experiência do fruto proibido. A serpente do desejo, que foi atendido, e de imediato provocou a ira de Deus. Poder avassalador, majestade intolerável, para aqueles dois seres em desolação, por se verem nus. Envergonhados fogem do lar paterno, e como criadores, tratam de vestir-se. Mais ainda, cobriram-se de todos os adornos, de todos os saberes, engalanaram-se, longe da presença divina.
           
         O centro da vida ia deslocar-se, o que seria em benefício da própria vida,  menos inocente e mais consciente para ambos. A razão como um fruto verde que devia amadurecer. Deus havia ordenado aos nossos primeiros pais: crescei e multiplicai. Ordem divina anterior ao pecado original, o que ficou valendo para sempre. Do paraíso ao jardim das aflições, vai ser o itinerário do ser humano, que seguiu seu destino, ou melhor, seus desejos, cada vez maiores, assim como suas necessidade. E mesmo que não estejam traindo sua natureza, são os desejos que passaram a comandar as ações do homem. Quanto maiores os desejos, mais as necessidades. De posse do saber bíblico o   homem passou ter noção da moral, da contenção, imperativo para que se religue a Deus.
          
           Ressentimento, falta de confiança, desamor e destemor acompanha o ser humano ao longo da sua jornada na terra, mas sempre com o desejo de gozar outra vez da presença divina, de retornar ao paraíso. Ressentidos, mimados, que quer comprar, em vez da salvação, a perdição. Basta no entanto que deixe de apostar em sua idiotice, nos seus delírios, e respeitar o legado recebido como dádiva divina. Ao sentimento de abandono acreditar em seu lugar privilegiado no universo, e que para todo privilégio tem a contrapartida da responsabilidade, muitas vezes fora dos interesses imediatistas.
       
          Maturidade, teu nome é autoconfiança, autocontrole, que resulta em bem estar para cada um, e no bem comum. Sendo que o começo da felicidade é gostar de si mesmo. E quando as escolhas não são boas, péssimos serão seus frutos, o que acontece na atualidade, quando o que se produz são modos de se perder, em vez de libertação e salvação. Imprudência, impetuosidade, desamor, são frutos da imaturidade moral que existe nesse nosso mundo contemporâneo. No contexto atual, o que fazemos é retornamos aos primitivos arroubos, ao comermos outra vez o fruto proibido, ou os frutos, muitos dos que são oferecidos por aí, venenosos, mortais, fruto da irracionalidade, da imaturidade moral.

       
       Uma vida plena se conhece pelos frutos, os bons frutos que a razão produz, suas raízes profundas e não planta rasteira, erva daninha, de uma modernidade na inconveniência dos desejos, no descontrole dos afetos, sempre fora do paraíso, longe da presença de Deus. É mister a busca por uma forma universal de comportamento que premie a ética e a moral, e que nosso mundo possa ser mais justo e coerente, como nós mesmos.

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