segunda-feira, 24 de dezembro de 2012


                      A Casa



   Desde sempre a humanidade sonha com a segurança, quer ser feliz, para tanto ergue civilizações, casas, as melhores e mais seguras possíveis, mas que se findam, desmoronam. A pessoa individualmente também sujeita a essa fatalidade. Antes habitantes das cavernas, depois em frágeis tendas, o ser humano ainda sem maiores defesas contra as catástrofes naturais e assalto dos inimigos, que podiam ser animais ferozes ou o próprio homem. Em Jericó, a primeira vila urbana, as casas erguidas com tijolos, produto feito da mistura do barro e cal com a água, posto para secar ao sol, depois no forno, tecnologia aperfeiçoada ao longo dos tempos, até que surgiu o cimento para dar maior resistência às grandes construções, melhor acabamento. Tijolo por tijolo casas são construídas, tornaram-se símbolo da segurança, que existe na medida em que for utilizado material bom, adequado, no caso, a família, a educação o conhecimento, a fé, tijolos da casa feliz, afortunada. 
   Temos de entender que a felicidade não é um fim em si, mas a liberdade de erguer nossa casa, construir nossa vida, num lugar seguro, que nos proteja das intempéries. Tempestades, inundações, muita coisa mais pode acontecer de catastrófico, e temos de estar bem equipados para enfrentar, e não despreparados, com pés descalços e mãos vazias, soltos no descampado. Firmeza de atitude e de caráter o que mais ajuda para não deixar a casa cair, o barco ficar à deriva nessa viagem da vida, que tem seus perigos. E como manter o leme do nosso destino nas mãos? Uma luz está ali para nos ajudar, temos que acreditar nisso, é a consciência alicerçada no bem, para que nenhum chamado suspeito nos desvie da rota. Os amigos podem ajudar, e temos de reconhecer os que nos convêm, pois amigos inconvenientes, abusados, não vão faltar. Principalmente, acreditar em nós mesmos, ter humildade, sabedoria diante dos desafios. A mulher, por exemplo, que é esposa e mãe e ainda exerce uma profissão, desafio e tanto, que tem de enfrentar nos novos tempos. 
    Querer voar alto, muito alto, como uma águia, sem temer ir o mais alto e longe, é perigoso cair, sem nunca alcançar a tão sonhada vida feliz, nem de perto. Às vezes já somos felizes e não nos damos conta disso. O caminho a seguir está ali aos nossos olhos e preferimos arriscar uma felicidade passageira, picos que gelam nossa alma e pode quebrar nossos ossos, o que acontece se acreditamos como crianças imaturas apenas na diversão e no prazer. Nem nas histórias da carochinha a vida é sempre risonha e franca, pois elas nos ensinam a pensar, principalmente, que não se deve persistir no erro. Consertar a rota se for preciso, pois nem sempre temos consciência dos passos que damos, seguimos apenas um impulso imediato, ou o que nos leva para longe de nós mesmos. Primeiro aprender a distinguir o certo do errado e ter consciência a cada passo. 
    Se o mundo não foi feito para nós - o que é mais certo - temos a razão, que nos dá meios de comandar nossa vida, o que nos difere dos outros animais. Temos o livre arbítrio, que não é tão livre assim, por sofrer interferências, para o bem e para o mal, e quando damos conta entramos numa enrascada. A casa, erguida nesse mundo maravilho e cheio de novidades, coisas que avançam num tropel, querendo nos dominar. Inclusive, fazer a casa perder o sentido original. A tecnologia a seduzir pelo que oferece, mas se transformou numa nova modalidade de bruxaria, quase satanismo, a tomar o precioso tempo das pessoas, principalmente os desocupados de plantão diante da tela, livres, leves e soltos. Ainda tem gente que se queixa de tédio, e convenhamos o tédio não é tem ruim assim, pode acontecer para o bem nosso de cada dia. Só mesmo no inferno é que não há tédio, porque lá o desespero tomou conta de tudo. 
    Hoje dentro da nossa casa temos uma sedutora máquina que é o computador, veículo de informação e comunicação fácil, para ser monitorado dia e noite pelos pais das crianças e dos jovens, que perigam se comunicar de modo prejudicial. O computador, no entanto, veio para ajudar, mas aos que aprenderem a utilizar “a coisa” com racionalidade. E não façamos dele a casa, a família substituta.

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