quinta-feira, 13 de dezembro de 2012


OS HOLANDESES NO MARANHÃO



Av. dos Holandeses em São Luiz- Maranhão
Apenas por três anos (1641-44) os holandeses permaneceram na capital maranhense. Tempo recorde, já que em Recife ficaram por mais de quinze anos. Da Nova Holanda faziam parte o  Maranhão, Pernambuco, Alagoas, Ceará. Os batavos não perdiam tempo, nem esforço, onde aportavam punham-se a trabalhar, construindo fortes, extraordinárias galerias de escoamento de água, como as de S.Luis, e belas pontes, as da capital pernambucana. Um povo acostumado a vencer intempéries da natureza na terra natal, que a duras penas tomaram do mar. Ao contrário dos brasileiros que viviam numa terra vasta e fértil, que não lhes causava grandes sustos.
Os novos conquistadores estavam acostumados, inclusive, ao castigo do ordálio, provação pela água, dado aos preguiçosos na Holanda. O condenado devia esvaziar a água que caia sem parar dentro de um reservatório, se não o fizesse podia morrer afogado. O laborioso e supersticioso povo holandês um exemplo de luta para deter o monstro marinho ameaçador das águas, além das nações inimigas que ameaçavam a liberdade da República. No nosso país essa cultura do trabalho forçado ia fazer com que os neerlandeses exigissem esforço dobrado dos maranhenses, descendentes de índios, um povo acostumado a deitar na rede e mandar a mulher pescar o peixe nos piscosos rios, logo ali perto. Todavia, eram os silvícolas ferozes guerreiros, sabiam lutar, e foi assim que ajudaram os portugueses a expulsar os aldases protestantes das terras ludovicenses.
Fundada em nome do rei da França, a capital maranhense dele recebeu o nome, e acaba de fazer quatrocentos anos, a data festiva foi 8 setembro de 2012. Depois da expulsão dos franceses fundadores, chegaram os holandeses. Quem era mesmo esse povo? Segundo Simon Schama no seu livro “O Desconforto da Riqueza”, o gênio característico do holandês é ser ao mesmo tempo comum e incompreensível. Para o escritor, o neerlandês ideal  do século XVII devia possuir as virtudes de bravura e zelo. Só assim eles se sentiam merecedores da recompensa de Deus, a riqueza  alicerçada no trabalho e vontade de perseverar na adversidade. Fartura e perigo  andavam juntos, não podiam esquecer disso.
A virtude do sacrifício patriótico, da incorruptibilidade e  magnanimidade, que dizem estar presente na cultura holandesa, não tocava muito o povo maranhense, católico na sua maioria, fruto da miscigenação do branco, preto e índio, pouco disposto a lutas raciais, ou outras quaisquer, além da sobrevivência, que ficava ameaçada com a intempestiva ocupação. Rapidamente reuniram forças para expulsar esses hebreus redivivos, ou estoicos batavos, sendo fundamental a participação dos índios, pois eles não entendiam nada de trabalho forçado, tampouco de ordálio. Nem mesmo o sacrifício redentor tocava alma indígena guerreira.
Teria sido então a obsessão holandesa de purificação pelo ordálio o motivo por que esses conquistadores foram tão rapidamente expulsos das terras maranhenses? Mas os  holandeses deixaram marcas no imaginário da cidade, hoje homenageados com uma das principais avenidas da cidade nova ­– a  bela Avenida dos Holandeses no bairro do Calhau. Outra importante via na nova S. Luís é a Avenida dos Franceses. Dois inesquecíveis invasores.


3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. MUITO BOM,HOJE EM DIA TEM MUITA GENTE QUE NÃO SABE QUE FRANCESES E HOLANDESES ESTIVERAM NO MARANHÃO NO BRASIL COLONIAL

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