sexta-feira, 7 de dezembro de 2012


PORQUE A DOUTRINA CATÓLICA É A MELHOR

                                              Maria Scott Muniz
O cadinho cultural que era Roma nos primeiros séculos, fez com que a fé cristã se consolidasse em bases universais. Paulo foi o genial ideólogo do cristianismo, seguido pela inteligência privilegiada de Agostinho, que vai livrar a fé das heresias que ameaçavam uma doutrina tão bem arquitetada, dando solidez a seus alicerces. Com o cristianismo o espírito evoluiu, marco civilizatório, extraordinário trunfo nas mãos dos romanos, que  ergueram no Ocidente uma nova civilização, depois dos bárbaros indisciplinados, que em ondas anárquicas destruíram o Império.
Por sua vocação maior de agregar, por seu poder civilizador, a fé cristã seria a base da  civilização ocidental. A igreja de Pedro intitulada católica porque é universal; apostólica, dos apóstolos; romana, por sua sede em Roma. Pedro, o primeiro apóstolo, considerado  a  pedra sobre a qual se ia erguer um monumento de cultura  e fé, a partir da concepção divina na casa de Davi, com o nascimento do filho de Maria numa gruta a caminho da cidade para participar do recenciamento. Maria e José chegam a Jerusalém  com o filho predestinado a modificar o mundo. O fenômeno que era o menino Jesus, obediente a José, seu pai adotivo, com quem ainda criança parte para o Egito em fuga da perseguição de Herodes. Reaparece já adulto, sua história a do próprio povo hebreu.
Muitas correntes do pensamento religioso cristão foram consideradas heréticas, submetidas ao crivo dos concílios que aconteceram nos primeiros séculos, afinal tinha que haver um consenso   sobre o que seguir, que fosse digno de fé, que elevasse a humanidade mental e espiritualmente. Heresias não deixam de gravitar em torno do núcleo central do cristianismo encetado por Paulo, que se distancia do judaísmo, sem renunciar à herança bíblica. A corrente principal do cristianismo se afasta do gnosticismo do passado, inferior à gnose platônica seguida pelo bispo de Hipona. Em vez das revelações anteriores, inclusive a mosaica, uma verdade acessível aos fieis, contida nos Evangelhos, a de João considerado uma porta aberta para o gnose.
A intenção da crença cristã não era atrair a simpatia das autoridades religiosas judaicas, que prendem Jesus. Pilatos manda o prisioneiro de volta ao povo judeu para que o julgassem em definitivo.  Começa a perseguição aos cristãos que se escondem nas catacumbas, até a religião tornar-se oficial. Quando o Império desmorona, os cristãos  outra vez se refugiam, dessa feita nos mosteiros. Para fugir da anarquia a alternativa foi apelar para a solidão coletiva, onde a fé se resguarda. A elite intelectual não deixa de cultivar o saber para, à primeira oportunidade, interceder por um mundo melhor, mais justo. No século XII ocorre o renascimento carolíngio, os mosteiros transformados em centros de preservação e difusão cultural. Erguem-se catedrais, principalmente em homenagem à Mãe divina, onde funcionam escolas, que aos poucos vão evoluir para as universidades.
Até então os fundamentos da fé alicerçada no platonismo agostiniano. No século XIII a fé se vale da escolástica, que tem como base o sistema científico e filosófico aristotélico, ideal religioso superado no século XIV por intelectuais como Petrarca e Boccacio, que serão os precursores do humanismo do século XV, quando retorna Platão.  Os ensinamentos dos neoplatônicos Marsílio Ficini e Pico della Mirandola se baseiam em Hermes Trimegisto, Zoroastro, Moisés, Orfeu, depositários de uma mesma verdade oculta. A ideia era de que o futuro luminoso para a humanidade se devia buscar no conhecimento de antigas culturas, onde se encontram verdades ocultas, o conceito é de uma “revelação primordial”.
No século XVI um cisma religioso vai abalar a cristandade, com a Reforma de Martinho Lutero, monge agostiniano, professor de teologia da Universidade de Winttenberg, cujas meditações sobre Paulo e Agostinho o levam a considerar a predestinação individual  de salvação, ou justificação, unicamente pela fé, descartando as obras. O movimento protestante veio a calhar para os príncipes que não queriam mais aceitar a autoridade papal, e adotam a nova fé, que logo se difundiu. Por sua vez a fé católica organiza sua própria reforma, intitulada erroneamente de Contrarreforma. Reformas que marcaram o advento dos tempos modernos. Os germanos, que pertenciam a heresia ariana antes de serem evangelizados pelos missionários católicos Ulfila e Bonifácio, agora são protestantes.
Com a descoberta de novos territórios e expansão comercial,  os missionários católicos e protestantes para amenizar os efeitos da colonização, ou exploração, e preservação da fé cristã,  criam uma elite escolarizada, o caso da América, onde os povos pagãos foram convertido nem sempre de modo dócil, até com violência, devido a ambição, principalmente de poder. Mas os resultados das Missões religiosas são alvissareiros, também na China e Japão, onde os missionários plantaram sementes da fé cristã por algum tempo e em poucos lugares. Na África as missões de evangelização tiveram grande sucesso,  tanto protestante quanto católica.
Algumas culturas indígenas sobreviveram aos colonizadores, as que ficaram isoladas, o caso dos ianomames, por exemplo. O que resta é pura figuração do que foram um dia, culturas hoje utilizadas por aventureiros, exploradores de plantão. Os povos da floresta com uma crença baseada no espírito dos ancestrais, partícipes da vida social dos vivos. Para eles a alma humana pode continuar existindo depois da morte física para assombrar os vivos, ou causar-lhe benefícios. A crença é que existe um reservatório de substância psíquica no qual a alma retorna a um estado indistinto. Lógico que essa é uma explicação racional para o mistério, e tem correspondência com as ideias de certas seitas gnósticas conhecidas.
O xamanismo dos índios da América do Norte, que não é uma religião, mas um conjunto de métodos extáticos e terapêuticos, cujo objetivo é manter contato com o universo paralelo,  invisível, em que os espíritos atuam sobre os humanos. Isso nos faz acreditar que os antigos habitantes do continente chegaram aqui pelo estreito de Bering, quando trouxeram o xamanismo dos mongóis e dos povos do ártico, que foram convertidos a várias religiões universais como o budismo, judaísmo, zoroastrismo, maniqueísmo, cristianismo, islamismo. A instituição do xamanismo no presente seria um resgate do passado autóctone, cuja história se desenvolve em relativo isolamento. As pinturas rupestres dão pistas de um passado remoto, xamânico.
A riqueza do catolicismo romano é incomensurável, sua doutrina constitui um bem cultural da humanidade, do que ela   vivenciou no campo espiritual e mental, seus conceitos universais. O conhecimento filosófico entra como grande auxiliar na empreitada da fé católica para se assimilar a ideia de Deus, transcender para o amor em nível superior, divino. Meio necessário para viver bem consigo mesmo, se relacionar melhor com os semelhantes. A fé católica é a que melhor toca o coração da humanidade, enquanto outras crenças, no mais das vezes produtos de mentes individuais, são veículos com motor possante, mas descarrilhados. 

  
  
  


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