domingo, 3 de novembro de 2019






conto

AMIGA NATUREZA

                               
                           "A verdadeira felicidade vem da alegria de atos
                                      bem feitos, do saber criar coisas renovadas." 
                                                      Antoine de Saint-Exupéry 



Grande a expectativa das três amigas quanto à realização dos seus planos para o futuro. Elas haviam concluído o segundo grau no colégio Santa Teresa, ficaram amigas. Nos últimos meses daquele ano, Maria passara estudando com afinco para o vestibular de biologia, já Célia e Ana Beatriz preparavam-se para o concurso do TCU. Maria foi a primeira a falar, dando início à conversa no jardim das freiras, antes das provas:

— No início do ano eu mesma via tudo tão distante e já estamos numa nova jornada. E não posso deixar de agradecer por tudo que vivenciei, nada comparável ao que vem por aí, é o que pressinto. Olho para aquele cajueiro, que esteve o tempo todo ali nos vendo passar por ele, ou conversando à sombra de seus frondosos galhos. Acreditem, foi quando prometi a mim mesma seguir a carreira que tem laços com a natureza.

Palavras da vestibulanda, que as duas amigas “concurseiras” ressentiram-se, mas tinham depoimentos a fazer naquele momento.

— Pode ser que eu me sinta mal amanhã se não me sair bem nas provas do concurso para funcionária pública — falou Célia — mas é certo que enquanto as flores estiverem brotando nos canteiros das freiras, não vai acontecer o fim do mundo. Tenho consciência que fiz o melhor que pude, e o quanto aprendi na labuta dos estudos. Doce cajueiro, juro que nunca vou perder contato com a natureza.

— De minha parte, deixei de ir em festas nas últimas semanas — acrescentou Ana Beatriz — e posso não obter sucesso agora, mas tem o próximo ano para tentar outra vez, e mais outra, até atingir meu intento. E você, Maria, que prefere ser bióloga, eu lhe dou parabéns por essa vocação, tão especial.

— Meninas, não vamos mais falar de estudo por hoje  — interveio outra vez Maria. E sem esquecer a natureza chamou a atenção para aquele belo dia:

— A vida que floresce banhada por tão maravilhosa luz”.

Célia quis acabar de vez com a preocupação das provas do dia seguinte, e indagou às amigas:

— O que vocês vão usar no aniversário de Joanir no próximo sábado? 

Nada como a moda para animar a conversa das moças, e foi o que aconteceu. Maria, todavia, ficou em silêncio, o olhar fixo no verde à frente. E, enquanto o astro rei brilhava lá no alto, ela teceu um almejado futuro com os fios dourados do otimismo. Os anos vindouros lhes pertenciam, e todo ano era um buquê de sonhos a serem realizados.   


    

Nenhum comentário:

Postar um comentário