quinta-feira, 28 de novembro de 2019







                   NOSSA MENTE FANTÁSTICA




Você se lembra, Joana, o que aconteceu nessa data, no ano passado? Perguntou Maria a sua irmã.

— Não, não consigo lembrar de nada especial.

— Oh, Joana, foi o dia em que nossa avó Josefina veio morar conosco. Lembro de vê-la chegar abatida, após a morte do nosso avô Francisco. Mesmo que ele não tenha sido um marido ideal, criaram juntos os sete filhos, e nesse sentido não tiveram o que lamentar.

— Como vou esquecer quando a avó me fez rezar para deixar de ver assombração, que ela dizia ser fruto da minha imaginação, e que me falou: Vou curar você desse medo de fantasma. E foi o que fez. Além das orações antes de dormir, me fez enfrentar o escuro, que eu não conseguia chegar nem perto. Certa noite fui convidada para travessar um local próprio para filme de terror. Você não imagina a minha aflição. Uma caminhada inesquecível,  cada sombra era um fantasma. Duendes espiavam-me pelas copas das árvores. O gemido dos galhos me fez suar de pavor naquela noite quente e escura. A lua só mais tarde é que deu as caras. Mas eu já havia atravessado o pior pesadelo.

 Maria pensou, inquietou-se um pouco, e falou:

— A vida é tão banal, às vezes trágica, e daí passamos a inventar coisas, dar asas à imaginação, o que pode ser romântico. Mas há perigo nisso. Tem gente que recebe aviso de morte, quando não escuta vozes, que viriam do além. Mas é a mente que tem esse poder, inclusive, de pressentir coisas prestes a acontecer. Como a mente humana é fantástica!

— Mas há o risco de sermos possuídos por algo que toma conta da nossa imaginação, a avó tem razão.

Dona Diva chegou do seu passeio matinal com a cadelinha Lua e dirigiu-se para a copa tomar de bom grado uma água de coco da caixinha, antes de começar a postar suas mensagens pelo celular. As netas exercitavam-se à tarde na academia, e já estavam sentadas diante do computador, depois de encerrada a conversa no café da manhã.

Nenhum comentário:

Postar um comentário