quarta-feira, 6 de novembro de 2019






                                            PLENITUDE






              A sociedade moderna instituiu suas datas festivas  com a intenção do bem social, da união, da fraternidade plena. Acabou virando calendário comercial e de caridade, a enclausurar as pessoas segundo interesses, status, e conveniências sociais. Datas festivas para o show da vida civilizada. Ao longo do ano comemoram-se os dias santos e os feriados nacionais.

             Começa pelo Natal, com o emblemático Papai Noel. As pessoas com recursos financeiros incentivadas, mais pela mídia, ofertam brinquedos aos familiares e chegam às comunidades com pouco, ou nenhum recurso, e possam amortecer as consciências na caridade. Ficando de fora o espírito natalino, em comemoração ao nascimento de Jesus, por exemplo. 

           Tem a Páscoa, que no calendário cristão celebra a ressurreição de Cristo, após Sua trágica morte. É quando surge os coelhinhos e a vez é do consumo do chocolate, com os ovos de tamanhos variados, para caberem no bolso dos consumidores. Sabe-se que nas comunidades pagãs o chocolate era consumido em rituais mágicos. Na modernidade o que fazem os cristãos sem maldade, mas com alegria no coração.

           Tem também o dia dos pais, das crianças, dando-se importância maior aos bens de consumo, para fazer mais doce a vida, tantas vezes com gosto bem amargo. Festividades, oferta de presente, como forma imediatista de comunicação com o outro. Atos compassivos, mas ninguém esqueça de praticar ações efetivas, e todos possam desenvolver seus dons e se colocarem à altura, na família e na sociedade a que pertence. 

         Em vez de simples ato gratuito de dar e receber bondade, de acordo com as benesses morais de cada um, ser mais solidário. No sentido de integração. Todos os cidadãos com possibilidade de se integrarem cultural e socialmente. Sem desmerecer a felicidade a que as pessoas se proporcionam, mutuamente, porem-se a serviço da sociedade, seja qual for a atividade exercida, com competência e amor ao que faz. As pessoas com seus talentos desenvolvidos a contento. 

       Com paixão e responsabilidade, servir, sendo menos compassivo consigo mesmo. É um ato de responsabilidade social, servir, principalmente nesse nosso tempo de egoísmo generalizado, cada um olhando para seu próprio umbigo. Mais racional que passional, para não cair na passividade. Agir com consciência pessoal e social. Realizar-se na plenitude humana.  

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       - Você vê santidade em mim, tia? - Foi a pergunta que Maria fez  quando tinha oito anos.  E recebeu a seguinte resposta da sua nada compassiva tia:

       - Santa de pau oco, sua ousada! 

       Naquele tempo não havia mi-mi-mi. E a octogenária e plena Maria pode dizer hoje: Inesquecível em mim o desejo de santidade. 



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