terça-feira, 12 de janeiro de 2021

 

 

 

 

      MULHERES, AVANTE!  

  COM AMOR E PACIÊNCIA!

 

           A mulher brasileira é aquela que se desdobra em múltiplas mulheres, em todas as mulheres do mundo. Aquela que, no limiar do século XX, deixa de ser apenas “do lar”, sai para trabalhar, e sem constrangimento também frequenta o bar. Mulher brasileira, universal, que aposta no futuro, e bem à vontade fez-se partícipe do drama da existência ao lado dos homens, competindo com eles — ainda em desigualdade de condições. Mas não por muito tempo, animam-se as mulheres. 

          Empreendedora a mulher sempre foi, e não existe empreendimento maior que  a família, a mulher no seu ofício mais relevante, no seu papel primordial de educadora, na sua aliança com Deus, a transmitir conhecimento como professora, a ensinar valores e dar amor incondicional como  mãe. Assim eram as mulheres bem amadas do passado, que hoje estão na faixa dos oitenta, noventa, ou mais anos.

          Uma nova mulher fez-se necessária, liberada, mas não libertina, como muitos homens ainda pensam que são as trabalhadoras. Empreendedora fora de casa, e os doces que antes fabricava na cozinha doméstica, por exemplo, passam a ser feitos na cozinha industrial da sua casa comercial. Mundo civilizado onde a mulher, realizada social e financeiramente, tem visibilidade. E onde quer que se encontre, que seja por sua livre e espontânea vontade. .

         Tangida pelo dever para consigo mesma e por amor aos que  dependem do seu trabalho a mulher deixa o conforto e a segurança do lar. A mulher brasileira que ainda precisa de respaldo  para dar andamento à sonhada construção de uma sociedade, fecundada pelo ideal feminino de tradição progressista. Triste ver essa obra inacabada, um esqueleto tomado pelo mofo, sobre ele esdrúxulas reivindicações, endossadas por um coro de mulheres mal amadas. Espectro da vida da mulher brasileira. A luta continua, o ânimo redobrado. Avante mulheres! Com amor e paciência!

        

 

 

MULHER DO COLAR DE PÉROLAS

 

 Em Vermeer a noção do espectador, que observa suas pinturas como uma cena de teatro armado por ele, e se possa elaborar uma ideia, formar um conceito, ou julgamento crítico, baseado na simpatia, ou na moral. A simpatia, segundo Plotino (205-270), visa o acordo natural entre semelhantes, em colaboração com a harmonia universal, o oposto da antipatia. Se observarmos o outro de modo positivo, ou negativo, com amizade ou desamor, até mesmo inveja. No quadro Mulher do Colar de Pérolas, uma aristocrata é vista em um novo contexto social, dona de cobiçadas pedras, que as exibe sem pudor para alguém do outro lado da janela. Ou a moça esta a olhar-se no espelho, oculto para  quem observa a cena, e fique em dúvida. Sua veste em cetim cor de ouro, ornada de arminho, confecção de algum ateliê de alta costura, novidade na época. Já proclama o Livro de Eclesiaste: “Vaidade, vaidade, tudo é vaidade!” Vaidade da juventude, que parece fazer “fita”, o que sugere a fita que ela segura entre os dedos — não o colar — como parece à primeira vista, por tratar-se de uma jovem modelo posando para o artista.

 A República holandesa busca seduzir os vizinhos com sua liberdade e riqueza, o que a falsa nobre do quadro exibe com seu colar de pérolas. As pérolas barrocas, em sentido etimológico, significam pedras de valor inferior, e Barroco é o nome do local onde foram encontradas na América do Sul bancos de ostras. De um simples grão de areia alojado no interior da ostra, que ao longo do tempo se reveste de uma substância para que se transforme na preciosa pérola. Para o mestre de Delft o que acontece com a a jovem mulher e também a arte barroca dos reformadores católicos. A Holanda republicana e protestante, considerado o país dos lojistas, a exibir-se, a fim de superar a condição inferior da sua fé reformada, estimuladora da mente libertária. Época em que os sentidos ganham especial valor, ao lado do conhecimento, das habilidades para realizar coisas. O sedutor laço de fita vermelha no cabelo da jovem é o sinal do sangue da serpente da vaidade, que jaz esmagada pela fé Tridentina, em outro quadro de Vermeer. O vermelho da paixão pelas conquistas no enfeite de cabeça da jovem, uma forma do pintor  provocar os conterrâneos republicanos, que têm como lema Paz e Prosperidade.

 

 

 

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