sexta-feira, 24 de maio de 2013

                   O MUNDO COM MAIS FÉ


Com a eleição do papa Francisco o que mais se falou foi em reformas na Igreja católica. Bento XVI havia renunciado e com isso aberto uma brecha para as mudanças, a começar na cúpula do Vaticano, que estaria promovendo orgias dentro dos muros da sede da Igreja. Parecia fatos da Idade Média, no tempo dos Médicis. Não, o papa que saía era da mais alta credibilidade, um teólogo respeitável, um homem santo, mas cansado e doente. O que entrava, mesmo idoso, tinha o perfil franciscano, tendo convivido com a pobreza na Argentina, sua terra natal, uma pessoa risonha e firme em suas convicções, do contrário não seria eleito. Vinha do outro lado do mundo, mas em espírito estava bem perto de Roma, da tradição da Igreja romana. Austero e devoto de Maria, a Mãe divina, como ver nele um radical? Penso em Francisco, como exemplo de austeridade e devoção religiosa.


“Não esperem muito do papa Francisco”, declarou a britânica Karen Armstrong, de 68 anos. Seu histórico é de pessoa que se tornou freira em 1962, abandonou o hábito após sete anos de convento por ter perdido a fé, tornou-se desde então historiadora das religiões, com o que voltou a crer em Deus. Acaba de participar de debates na Fronteira do Pensamento, em Porto Alegre e S. Paulo. Época entrevistou-a, quando então falou dos seus livros"12 Passos para a Compaixão" e "Em Defesa de Deus", entre outros. Foi interrogada sobre os assuntos polêmicos como aborto, casamento entre pessoas do mesmo sexo, intolerância religiosa, maior participação das mulheres na Igreja, assuntos que requerem uma reforma radical na Igreja. Mas para Karen Armstrong essas coisas são o reflexo da civilização egoísta, materialista, consumista em que vivemos, no que concordo plenamente. Mas com a ressalva que tudo isso pode ser controlado com a educação, a cultura, e através da fé.
“Como encontrar Deus nos dias de hoje?” pergunta o repórter a Karen. Ela  afirma que Deus está em toda parte, é um símbolo da transcendência, da necessidade humana de alcançar o inexplicável. Para a historiadora, alcançar Deus requer pois disciplina e desprendimento, justamente, o que faz a religião e a arte, atividades parecidas, incompatíveis com a era tecnológica. O consumismo seria o grande vilão da história que forma pessoas com os irmãos Tsernaev, criados nos EUA, responsáveis pelo atentado em Boston. Não foi pelo islamismo que cometeram os crimes, mas por serem pessoas mal formadas, mal informadas. É como costumo dizer, são pessoas atiçadas, ora pelo consumismo desenfreado, ora pelo seu contrário.  E seria o caso de não se pregar o ascetismo, mas fazer com que se tenha mais responsabilidade em consumir, até mesmo a fé em Deus, ou Alá. Sim, as pessoas consomem a religião em vez de praticá-la em seu dia a dia, através de atos de amor e compaixão.  Concordo que a dissidência entre Oriente e Ocidente está justamente nisso, não na religião, que serve apenas como pano de fundo para o conflito.
Reformar a Igreja de modo radical como quer a historiadora seria tão benéfico para a fé católica? No concílio Vaticano II foi abolido o latim, o que não foi uma medida muito sensata, o tal radicalismo, que pode destruir, empobrecer a fé, em vez de melhorá-la. De minha parte acho que os padres deviam casar. Mas a Igreja é por natureza conservadora, e tem lá suas razões. Não se deve culpar a tecnologia dos desequilíbrio do mundo que se tornou materialista. Mas sem a ciência e a técnica não se poderia manter tanta gente com saúde e conforto no mundo. E os conceitos que foram estipulados ao longo dos tempos não podem ser desprezado de uma hora para outra. O consolo é sentir que o papa Francisco está mais perto dos fiéis, tem fé em Maria, que nos conduz ao Filho bem-amado do Pai. O catolicismo se enriquece espiritualmente através da fé em Maria, diferencial diante de outras crenças.                


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